sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Samba de roda também toca na minha vitrola


É isso aí! A mesma vitrola que toca Blues, Rock’n’Roll e Metal de montão, também toca um bom samba de roda. A “bolacha” em questão traz um encontro de gente bamba, intérpretes da mais alta categoria. Estou falando de “Pirajá – Esquina Carioca, uma noite com a raiz”, que reúne Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, João Nogueira, Luiz Carlos da Vila, Moacyr Luz e Walter Alfaiate (em ordem alfabética que não sou besta de querer nivelar essa galera). Apesar do nome e da batida serem referências do Rio de Janeiro, esta maravilhosa mescla de vozes e instrumentos foi gravado no bar Pirajá, “em Sampa, meu”.

Quando comprei este CD, sem nunca ter ouvido alguém falar a respeito, lembrei logo de minha irmã mais velha, Roseli, que é a porção mais batucada da família. E de meu pai, o velho Venâncio, que se esbaldava ao ouvir o instrumental do samba, principalmente a linha do baixo feita pelo violão. Ele até costumava brincar com um violãozinho que a gente tinha em casa. É impossível não me recordar dos dois sempre que ouço o disco. Ainda mais a faixa oito, “Espelho”, na voz de João Nogueira. Tem lá uma frase que me emociona: “Um dia de tristeza me faltou o velho, e falta lhe confesso que ainda hoje faz”.

Outra que me faz lembrar da família é “Candeeiro de Vovó”, com Dona Ivone Lara. Conheci um candeeiro quando tinha uns sete ou oito anos de idade e visitei a cidade natal de minha avó, Dona Alice, no interior da Bahia. Lá ainda era muito comum o uso desta lamparina abastecida com querosene. Além disso, Dona Alice era da farra, adorava cantar e dançar. Figura divertidíssima!

O disco todo é excelente, e algumas faixas gosto ainda mais, como “Folhas secas”, na voz da Beth Carvalho; “Sem endereço”, com Luiz Carlos da Vila (hilário!); “O poder da criação”, com João Nogueira; e “A.M.O.R. amor”, com Walter Alfaiate. Algo que adoro na maior parte das interpretações é a diversão desse povo. A malandragem, no melhor sentido da palavra, e a alegria naturais que cada um deles carrega é contagiante. Por mais estranho que pareça, o que vejo é uma simplicidade sofisticada, pois cantam coisas simples da vida com tempero de poesia. Samba assim sempre terá lugar na minha vitrola.

Acabei não encontrando algum vídeo deste encontro, por isso deixo aqui pelo menos esta gravação do João Nogueira com “Espelho” no programa Ensaio, da TV Cultura.