terça-feira, 23 de outubro de 2012

Bluesman nascido em Angola, mas com swing todo brasileiro


Ter um disco do guitarrista Nuno Mindelis na minha vitrola não é bem um segredo. Adoro Blues, e muita gente sabe disso. Mas as histórias que acompanham fazem valer a chancela de Vitrola Secrets. Pois bem, o CD ao qual me refiro traz como título simplesmente Nuno Mindelis & The Cream Crackers. E é aí que já começa o rolo...

Sempre gosto de citar informações técnicas do álbum, para valorizar o trabalho da equipe toda. Fui logo pesquisar no site oficial do Nuno (www.nunomindelis.com), mas comecei pela biografia. E não é que lá encontrei comentários de todos os trabalhos do músico? Menos, claro, sobre o que está na minha vitrola. Fui para a discografia e achei a imagem da capa do meu CD, mas com a seguinte legenda: “Long Distance Blues – Relançado em 1998 (sem consulta ou conhecimento do autor) como Nuno Mindelis & The Cream Crackers”.

Quando comprei o CD, não fazia a menor ideia dessa manobra. Que frustração! Ao menos me conforta saber que este disco ajudou Nuno a passar por várias “encruzilhadas” do Blues mundo afora. Coincidências à parte, foi exatamente em 1998 que a Guitar Player norte-americana, provavelmente a principal revista do gênero, elegeu Nuno como o melhor guitarrista mundial de Blues.

Enquanto muita gente se inspirou nele para tocar Blues, a minha parte da influência veio em forma de texto mesmo. No início dos anos 1990, após ver um show memorável no Sesc Pompéia, no qual Nuno tinha como convidado o guitarrista argentino Danny Vincent (que eu já conhecia de algum bar do Bixiga, com a Albatross Blues Band), compartilhei minha empolgação com uma amiga da faculdade. Ela era repórter de uma revista de Rock’n’Roll e sugeriu que eu escrevesse algo, de repente poderiam publicar. Publicaram! Era um texto curto, mas foi diagramado sozinho em uma página (ímpar, onde há mais destaque!) na qual só havia uma foto gigante do Jimmy Hendrix.

Realmente, não me faltam motivos para gostar de Nuno Mindelis, o angolano brazuca do Blues mundial. Vai aí um pouquinho deste grande músico.


sábado, 22 de setembro de 2012

Música serve pra isso


Trabalhar o bom humor como elemento musical não é para qualquer um, ou quaisquer dois. Por isso gosto tanto de André Abujamra (sim, o filho do provocador Antonio “Ravengar” Abujamra) e Maurício Pereira, também conhecidos como Os Mulheres Negras. A dupla surgiu nos anos 1980 e se dizia a menor big band do planeta. Tal denominação só pode vir de gente com alguma artéria humorística. Adoro essa parte! Mas o melhor mesmo é a qualidade musical e a incontrolável necessidade de inovar.

Na minha vitrola, tenho o segundo álbum dos Mulheres, o Música Serve Pra Isso, lançado em 1990. A compra do CD foi como a de muitos outros, sem conhecer as faixas mas certo de que não me arrependeria.

A primeira vez que vi os caras ao vivo foi no vão do MASP, na programação do Som do Meio-Dia, uma série de apresentações musicais gratuitas que tornavam mais interessante a hora do almoço na Av. Paulista. Assisti ao show com um amigo, o Gerê. Ele entrava no trabalho às 13h, a alguns quarteirões dali, e eu estava desempregado. Era o divertimento perfeito, pois minha disponibilidade de grana era inversamente proporcional à de tempo.

Era inevitável se perguntar: Como só dois caras vestindo roupas engraçadas (um sobretudo e um chapeuzinho de palha) conseguem fazer tanto som em cima desse palco? Tinha de tudo: guitarra distorcida, metaleira, música regional, ponto de umbanda, versões, uma loucura! Maurício Pereira cantava e tocava os instrumentos de sopro, principalmente saxofone. Abujamra era o multifuncional, pois além de dividir os vocais e tocar guitarra, comandava tudo o que tinha de som eletrônico: baixo, bateria e efeitos sonoros especiais. Em Monstros Japoneses (está no Música Serve Pra Isso), Abujamra simulava um canhão com o braço da guitarra e, à ordem de “Fogo!”, disparava contra o público.

Tenho uma história cômica de quando vi o Mulheres no extinto Aeroanta, casa importante do cenário musical paulistano. Como cheguei um pouco cedo ao local, havia várias mesas disponíveis. Uma garçonete se aproximou e perguntou se eu esperava mais alguém, mas estava sozinho, como em diversos outros shows. Então ela sugeriu uma mesa de uma pessoa só (?). Achei estranho, mas aceitei a sugestão. E não é que o lugar, um canto de poltrona, só tinha espaço para uma pessoa? A garota com quem eu namorava na época certamente não acredita nisso até hoje!

John, a quinta faixa do Música Serve Pra Isso, foi a mais tocada na época do lançamento do disco. Com uma pegada de hard rock, ficou bastante conhecida pelo trecho em que Abujamra canta, com uma voz rasgada característica de Rock’n’Roll, a seguinte frase: “Ai, meu Deus do céu! Ai, minha Virgem Maria!”. A música também tem pegadinha, pois começa duas vezes. Pena que não dá para conferir neste vídeo recente que encontrei da dupla dinâmica no Estúdio Showlivre. 


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Como assim, Chico e Bethânia? Cadê o Celso?


Alguém acredita que comprar um disco pode ser, ao mesmo tempo, prazeroso, surpreendente, frustrante e satisfatório? Pois já aconteceu comigo. E decidi contar essa história porque neste dia 6 completa um mês que morreu Celso Ricardo Furtado de Carvalho, o grande guitarrista Celso Blues Boy. Confesso que apesar de toda a admiração que tenho por ele, ainda não está na minha vitrola. Mas era para estar!

Em mais uma das minhas muitas garimpagens pela área de CDs de uma grande e antiga loja de departamentos, me deparei com uma daquelas promoções imperdíveis. Era uma coletânea do Celso Blues Boy – e ao vivo! – com um precinho bem camarada. Só pensava em chegar logo em casa, ligar o som e aumentar o volume, afinal de contas, “isso aí é Rock’n’Roll!”.

Após a inevitável briga com aquela “bendita” embalagem plástica do CD (por que tem de ser tão difícil, hein?), abri a caixinha e... Cadê o Celso? Era Chico Buarque e Maria Bethânia! Imediatamente pensei em voltar à loja e fazer a troca. Mas aí, por curiosidade, observei melhor o objeto de minha indignação e tive outra surpresa: eu já conhecia aquele disco desde a adolescência! Tratava-se de um show magnífico gravado em 1975, no Canecão, no Rio de Janeiro. As boas lembranças me fizeram botar pra tocar. Está na minha vitrola até hoje.

Chico e Bethânia têm um jeito todo especial de cantar e encantar. O show é um constante e envolvente diálogo entre ambos. A primeira das 18 faixas que compõem o disco é Olé, Olá, que começa apenas com o Chico. Embora ambos sejam equivalentes, quando a Bethânia entra, parece que o espetáculo começou de novo. Ela é impressionante. Nem preciso falar nada sobre sua voz e sua interpretação. Na faixa 3, com um minuto e quatro segundos, há literalmente um diálogo que dá nome à música: Sinal Fechado. É bem uma conversinha rápida de motoristas que se emparelham no sinal vermelho, mas com a peculiar sofisticação da boa MPB.

Não vou comentar todas as faixas, mas selecionei algumas que me impressionam mais, como a quarta e a quinta, Sem Açúcar e Com Açúcar E Com Afeto. Bem coladinhas, essas músicas parecem estar se completando ou em alguns momentos se contrapondo. É um jogo de palavras dinâmico contando a rotina de dois relacionamentos. Para ficar mais provocante,  os intérpretes invertem o gênero da narração, com o Chico cantando o que seria uma mulher e Bethânia, o que seria um homem. Bom exemplo está em Camisola do Dia, na faixa cinco (vale prestar atenção ao violino bem no finalzinho).

Gosto muito de Flor Da Idade, principalmente pelo andamento da música. É cheia de vida, e vai ganhando uma velocidade entusiasmante. Sem contar que passa todo aquele clima dos grandes festivais da MPB. E o momento “Toca Raul” na faixa 15? A Bethânia bota a força da sua voz a trabalho do Roc’n’Roll, apoiada por uma rica orquestra e uma quase discreta guitarra, não fosse a característica distorção dos anos 70, aquele som de psicodelismo. É de fato uma saborosa salada de muitos temperos. Vale a pena. Agora, preciso fazer justiça e complementar minha vitrola com o Celso também.

Infelizmente, não encontrei vídeos desse show de 1975, mas achei outro encontro de Chico e Bethânia cantando Sem Fantasia, que não comentei, mas poderão ver por si a beleza disso tudo.



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Quero ver ficar parado com este som


Uma das coisas mais maravilhosas da música está no quanto ela mexe com nossas emoções: faz rir e chorar, faz lembrar e comemorar, faz sofrer e celebrar, enfim, chacoalha tudo lá dentro da gente. Mas a música também faz a gente chacoalhar tudo do lado de fora. E se for da cultura latina, ainda mais. Pois não é que xeretando na vitrola de dois grandes amigos da época da faculdade encontrei a trilha sonora de The Mambo Kings?

Não me lembro de ter assistido o filme, lançado em 1992, mas pelo que li trata-se da história de dois irmãos, músicos cubanos que, no início dos anos 1950, deixam sua terra natal rumo aos Estados Unidos. Obviamente, a música permeia as diversas emoções de toda a trama, estrelada por Antonio Banderas e Armand Assante. Mas como o papo aqui é a vitrola e não o projetor, vamos ao que mais interessa. 

As 16 faixas do disco são interpretadas por nomes como Arturo Sandoval, Benny Moré, Celia Cruz, Linda Ronstadt, Los Lobos, Mambo All-Stars e Tito Puentes. E ainda tem participação do próprio Banderas, com o Mambo All-Stars, cantando a faixa oito – Bella Maria De Mi Alma –, que me trouxe boas lembranças de meu pai. O velho Venâncio adorava esse estilo de música! Certamente iria se esbaldar ouvindo a “bolacha” comigo. Fico imaginando qual seria sua satisfação ao escutar a bela introdução de violão seguida pela voz de Linda Ronstadt em Perfídia, a faixa 11; ou a seguinte, com Celia Cruz interpretando Guantanamera. Difícil não me emocionar...

Mas como já é praticamente sexta-feira, quero falar da vontade que dá de sair dançando ao ouvir essa trilha. É neste ponto que volto a citar o casal de quem tomei emprestado o disco. Anahi e Tony dançam praticamente qualquer coisa! Não entendo nada de dança, então evito dizer se o fazem corretamente (por certo, cometeria alguma injustiça). O que sei é que os caras contagiam. Não há quem os veja flutuando pelo salão sem ser tomado por uma imensa vontade de fazer o mesmo. Claro, uma minoria se arrisca. Estou com a maioria!

Uma das faixas que mais gostei é a número dois – Ran Kan Kan – com Tito Puentes. Tem muita percussão e muito trompete. É o tipo de música que faz todo mundo se divertir, em especial os instrumentistas, pois o que tem de espaço para improvisar é brincadeira. A quarta faixa, com Arturo Sandoval, é auto-explicativa: Mambo Caliente. É tudo muito intenso nesta música! O disco fecha com Beautiful Mary Of My Soul, uma versão em inglês da faixa oito. E quem interpreta? Los Lobos, sim, aquela mesma galera de La Bamba. Esta é uma boa maneira de começar o final de semana. Aí vai uma palhinha do que há no filme (agora quero muito assistir!).



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Pra ser Blues, precisa vir da alma


Sempre que fico realmente impressionado com o talento de um guitarrista, costumo dizer que quando o cara chega em casa a guitarra abana o rabinho. Mas se “o cara” fosse o Stevie Ray Vaughan, aí a guitarra abanaria o rabo, daria pirueta, deitaria e rolaria, faria de tudo. Só não conseguiria se fingir de morta. Por falar nisso, no dia 27 de agosto, faz 22 anos que ele se foi. E esse post é uma homenagem. Stevie morreu em 1990, em um acidente de helicóptero, e faz muita falta. Se me pedissem para citar os três guitarristas de Blues que mais gosto (o que seria muita maldade, fala a verdade?!), SRV estaria nela.

Sem dúvida alguma, tem SRV na minha vitrola. Mais que isso, também tem na minha humilde coleção de DVDs. Stevie Ray Vaughan and Double Trouble Live From Austin, Texas é uma mostra de dois shows marcantes, pois mostra momentos bem distintos da carreira do guitarrista tocando no Austin City Limits ao lado de Tommy Shannon (baixo) e Chris Layfon (bateria) – o Double Trouble –, exatamente no estado onde nasceu.

A primeira apresentação, em 1983, mostra um SRV irreverente, ousado, surpreendente e hipnotizante, como sempre. Com um figurino muito peculiar, o bluesman deixa explícita sua intimidade com a boa e velha (e surrada, bem surrada!) Fender. No meio de Texas Flood, por exemplo, como num passe de mágica, o cara solta um lado da correia da guitarra e quando coloca de novo está tocando a danada atrás das costas. Confesso que demorei um pouco pra entender o que ele havia feito. Apesar de toda essa magia, há o outro lado do show: SRV parece estar tocando mais para si mesmo do que para o público.

Em 1989, SRV e o Double Trouble voltam acompanhados do tecladista Reese Wynans. Repaginados, fazem uma apresentação bem diferente. Agora com 35 anos de idade, SRV se mostra mais à vontade, mais maduro e conectado com a plateia. Continuam valendo os mesmos adjetivos do parágrafo anterior, e é notório que o guitarrista está sóbrio, seja no sentido figurado ou literal (pelo que li sobre o show, ele havia abandonado o álcool e as drogas). Até sua voz tem mais brilho. A combinação de todos esses fatores envolve as pessoas ao redor, que correspondem e agradecem.

Acho que SRV é o “bluseiro” mais Rock’n’Roll que já ouvi. E digo que é, assim mesmo no presente, porque esse cara é imortal, tal qual Jimmy Hendrix, Gary Moore e alguns outros gênios musicais. Vai aí um pouquinho do talento de SRV com Crossfire.



terça-feira, 5 de junho de 2012

Gospel: uma escolha musical e emocional


Muita gente se surpreende quando conto que na minha vitrola também toca música gospel. Não é para menos, pois pode não fazer tanto sentido para alguém que adora o Rock’n’Roll e suas vertentes. Mas é aí que está a graça de não ter preconceitos quando se trata de música bem feita e bem executada. Estou falando do disco O Tempo, do grupo Oficina G3. E minha opção por escrever sobre este CD é uma homenagem a um casal de amigos para quem o tempo será um santo remédio.
Antes de qualquer coisa, vale comentar: o Oficina é muito Rock’n’Roll. Além do som pesado e da variedade de ótimos riffs de guitarra, os caras falam diretamente com a emoção do seu público. Foi pelo guitarrista que cheguei à banda. Comecei a ouvir comentários sobre “um tal de Juninho Afram” e a ver que o nome aparecia em tudo quanto era revista sobre guitarra. Fiquei curioso e fui atrás para saber mais. Descobri se tratar de um músico virtuoso e competente (e ainda canta bem!), e muito bem acompanhado. Neste CD, também estão PG (vocais), Duca Tambasco (baixo), Jean Carllos (teclados) e Walter Lopes (bateria).
Comentei sobre a nova descoberta com minha irmã caçula, que é evangélica, e fiquei feliz ao saber que ela já os conhecia. Mais feliz fiquei quando ela me presenteou com o CD O Tempo. Acredito que esse ainda é o disco mais popular do Oficina. Lançado no ano 2000, o sexto álbum do grupo, com 13 faixas, marca uma mudança de gravadora e um momento de projeção.   
A música que dá título ao disco, e certamente é mais tocada da banda, está na faixa 5. A balada abre com o chiado característico de um vinil e vai apresentando, batera, violão e voz, tudo quase grudadinho. Ainda nessa primeira parte do vocal, entram o baixo e o teclado. O encaixe é perfeito, tanto que a música vai se completando a cada instrumento sem qualquer “degrau”. Após a segunda vez do refrão, entra o solo de violão acompanhado por um violino e, em seguida, um coral. Ao vivo, isso é impressionante!
A faixa que mais curto é a terceira, Atitude. Além do título, que já é muito sugestivo, acho que é a mais Rock’n’Roll do disco. Gosto muito da guitarra bem distorcida, meio “seca” na base e com mais “brilho” no solo, com direito a wah-wah e tudo. O gogó do PG também se destaca, está bem na vibe do título da música. A rapaziada toda manda muito bem. Para quem já os viu no palco, sabe que é uma apresentação marcante, inclusive pelas performances do tecladista Jean Carllos.

É isso aí, atitude e tempo, combinados com o devido equilíbrio, fazem muito bem! 



domingo, 20 de maio de 2012

Billy Paul está de volta


Duvido haver alguém na galera da minha faixa etária, o pessoal quarentão, que não tenha dançado de rostinho colado ao som de “Me and Mrs. Jones”. A voz de Billy Paul era ouvida em dez de dez bailinhos. E, até hoje, com seus 77 anos, ainda é venerado como um dos principais nomes da soul music. Em junho, ele está de volta ao Brasil para uma série de apresentações. Em São Paulo, a data é bem providencial: 12 de junho, Dia dos Namorados.
Na minha vitrola tem Billy Paul! É uma coletânea de 2001, com o título de “Perfil”. Comprei este CD exatamente pelas recordações da adolescência, e me surpreendi. Os anos me fizeram muito bem no que diz respeito à maneira de ouvir, ou melhor, degustar música. Fiquei admirado quando escutei o disco todo pela primeira vez.
São 14 faixas que falam quase sempre de romantismo. A faixa de abertura é a própria “Me and Msr. Jones”, que tem um efeito hipnotizante sobre os casais. É trilha sonora de (ou para o) amor. Se abrir um vinho, então... Bom, mas a conversa aqui é outra. Adoro a faixa sete, “It’s Too Late”, pelo balanço suave e a combinação do instrumental. Tem uma guitarrinha que parece discreta, mas se faz presente o tempo todo.
Também gosto muito dele na faixa oito, cantando “Mrs. Robinson”, mais famosa com Simon & Garfunkel. E o cara chama para dançar em “Am I Black Enough for You”, a faixa 12, mas aí é para agitar a pista, nada de casalzinho. E pode continuar na pista, pois a número 13 é outro grande sucesso, “Your Song”, em uma versão Power Mix (é assim que está escrito no encarte!). Este CD é mais um dos meus achados descompromissados e que me deixam bastante satisfeito. 


sexta-feira, 30 de março de 2012

Uma “Conexão” com muito swing

Gostaria de me lembrar melhor como e quando comprei alguns discos. Às vezes pego um CD nas mãos, fico um tempão olhando a capa, admirando, lendo o encarte e me esforçando pra recordar de onde veio aquela raridade. O “Conexão Japeri” é um bom exemplo do que estou dizendo. Provavelmente, comprei-o em algum sebo ali pelos lados de Pinheiros (Zona Oeste de São Paulo), perto da R. Simão Álvares, onde trabalhei em meados da década de 90 (a data é só para parecer histórico).
O disco é de 1994 e, se não me engano, é o primeiro da Conexão Japeri, a banda que acompanhava o Ed Motta. Só por esse currículo já dá para sacar que os caras arrebentam, pois o nível de exigência técnica devia ser tão alto quanto para quem tocava com o “titio” Tim Maia. E também já fica claro qual é a pegada do som.
Parte da autodescrição que está no encarte desse meu CD é suficiente para entender quem é a banda: “Conexão Japeri é soul music à moda da casa, é rhythm and blues em verde e amarelo. É a estação imaginária onde a música negra americana se cruza com o suingue made in Brazil”. Gosto muito!
A primeira e a última faixa – “Paraíso” e “Japeri” – são as minhas prediletas. Mas curto cada uma das 12 músicas. Para quem gosta de “chacoalhar o esqueleto” – sim, a expressão é das antigas, pra combinar com o estilo “old school” –, é uma boa pedida. Tem até opção pra dançar de rosto colado  (é a minha sugestão aí embaixo). Eu rrrrrecomendo! 


quinta-feira, 22 de março de 2012

Família Lima: o talento é indiscutível

Já houve um tempo em que só tocava na minha vitrola um estilo específico de música, ou um seleto grupo de artistas. Pra falar de forma bem direta, o que não fosse Rock’n’Roll (e algumas pouquíssimas variações do tema), não passava nem perto. Mas consegui ampliar o campo auditivo e comecei a entender melhor o significado da palavra “talento” no universo musical. Não fosse essa condição, duvido que estaria aqui, agora, escrevendo sobre a Família Lima.
Pois é, na minha CDteca há um exemplar dessa galera, o “Família Lima ao vivo”, um presente de aniversário. Foi gravado em maio de 1999, no Canecão (RJ), e pelo barulho que se ouve da platéia a casa devia estar cheia. São várias interpretações de grandes sucessos nacionais e internacionais, clássicos de diversos estilos, quase sempre com muito violino. Uma das mais tocadas, se não me engano, é “Serenata Noturna”, de Mozart. Rola uma mistureba de violino erudito com ameaças de batidas de samba (?).
Há variações vocais interessantes que vão de “What a Wonderful World “(imortalizada na voz de Louis Armstrong) a “My heart Will Go One”, aquela mesmo da Celine Dion, tema de Titanic. E quem canta no disco? Lucas Scholles Lima, o marido da Sandy. Qual a minha preferida desse CD? Humm... Deixa eu ver... Ah! A faixa de abertura: “A Primavera”, das Quatro Estações de Vivaldi.
Como não encontrei um vídeo com boa qualidade para mostrar a talentosa família, resolvi postar esse aqui, com participação da Sandy. Ou vice e versa...




terça-feira, 6 de março de 2012

O raro “In Copulla” do Obana

Quando escolhi o disco que seria assunto deste post, fiz uma busca no Google para encontrar mais informações sobre o disco em questão, o “In Copulla” da Banda Obana. Os primeiros links que apareceram eram de lojas virtuais, anunciando o CD como raridade. “Uau! Então eu tenho o raro CD original da Banda Obana!”, foi o que pensei de primeira. E, na verdade, para mim, é mesmo um disco raro, pois me remete a um passado muito divertido.
Se não me engano, era meu último ano de faculdade e surgiu uma big festa, em uma sexta-feira, que prometia fazer história. O ingresso para o tão marcante evento era uma pechincha, talvez uns 10 ou 15 contos, e ainda ganhava um CD de um pessoal que eu não conhecia mas tinha uma capa engraçada com um leão “traçando” uma leoa. Sim, este é o “In Copulla”. E foi o que me restou da festa, pois não consegui encontrar o lugar. Quem esteve lá diz que foi mesmo histórica.
E não é que o disco é bem interessante? São 12 faixas marcadas por uma pegada meio Conexão Japeri, com rico instrumental – muita metaleira, percussão e um bom swing – e letras divertidas (como na faixa 11, “Adriana feia”). A frase que aparece na contracapa pode dar uma ideia do conceito dessa galera: “Obana Cultura Custo Zero”.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012