Os textos do Vitrola são, de uma
forma ou de outra, homenagens. Seja para quem nos conta suas histórias, seja
para os artistas responsáveis pelas “bolachas”. Nesta semana elas vêm de
coletânea. Na próxima terça-feira (8), será o Dia Internacional da Mulher, com seus diversos motivos e maneiras para celebrar. Exatamente por
isso o post de hoje é com a fotógrafa e artista visual Mariana Ser, uma talentosa
voz feminina.
“Mari” – foi assim que a conheci
– produziu uma série de autorretratos chamada As mulheres que eu gostaria de ser, em que expõe sua admiração e
seu respeito por algumas figuras marcantes. A ideia surgiu em 2015, entre o fim
de novembro e o início de dezembro, após ter assistido a Frida, filme sobre a vida da pintora mexicana Frida Kahlo. Mari começou
a brincar de imitar a imagem marcante da artista – sobrancelhas, cabelo, olhar
– e se surpreendeu. “Ficou mesmo parecido.” Esse primeiro resultado trouxe outras
mulheres impressionantes e novas imagens tão interessantes quanto.
Lauryn Hill é um nome que poderia
muito bem ter entrado nessa lista, pois está entre as cantoras que Mari mais
admira. “A voz dela é maravilhosa, sempre fui muito fã.” Pois a bolacha da vez
é The Miseducation of Lauryn Hill, o
primeiro disco solo da artista, que também é compositora, produtora e atriz.
Aliás, Mari conta que não se cansou de ver a atuação de Lauryn em Mudança de Hábito 2, filme de 1993,
estrelado por Whoopi Goldberg.
Se a cantora já era uma
inspiração quando integrava o Fugees, mais ainda em carreira solo. Lançado em
1998, o Miseducation chegou às mãos
de Mari como um presente de sua irmã, provavelmente no ano 2000. “Me lembro que
era o ano em que o mundo iria acabar”, recorda. O mundo não acabou e a
fotógrafa teve muito tempo para se deliciar com o disco. “Não sei como não o
furei, de tanto que escutei.” Hoje, a bolacha vai no prato quando quer ficar
animada, ou quando já está animada e quer ficar mais ainda.
Ouvir Miseducation é sempre uma experiência que entusiasma, até para quem
não é fã de Lauryn. A mistura de Hip Hop, R&B, Soul e tudo o que
influenciou a cantora é deslumbrante. “O disco foi considerado o primeiro Neo
Soul, ou seja, ela criou um novo estilo”, comenta Mari, que também ficou
impressionada com essa autêntica combinação. “Ser autêntico não é
para qualquer artista. Ela é um exemplo para mim, pois também sou uma artista
que mistura muito.”
Tudo isso é também uma prova da
ousadia de Lauryn. “Vamos combinar que na época do Miseducation não era comum mulheres lançarem disco solo para o
público Hip Hop. Até hoje é difícil. Mas ela foi corajosa e bancou seu
projeto”, reforça Mari. O fato de a cantora usar a voz e a carreira para
defender as causas relacionadas
aos negros também chama a atenção. “Por tudo o que vejo dela, sinto que ela não
se vende. A Lauryn Hill é da quebrada.” É aí que a admiração passa do campo
artístico para a postura da cantora como profissional, cidadã, enfim, ser humano.
Pelo bate-papo com a Mari, é bem
possível que a Lauryn apareça em uma nova série de autorretratos. Vai aí uma
mostra do que é o Miseducation com o
clipe de Everythin is everything.