Na década de 1980, uma das séries
mais populares de televisão foi Profissão Perigo, que exibia as aventuras do
agente secreto Angus MacGyver. Mesmo quem não viu o seriado já deve ter ouvido
alguém ser chamado de MacGyver por tentar resolver um problema técnico com uma gambiarra
supostamente espetacular. Não é para menos, pois o tal agente conseguia
construir uma bomba com um chiclete, um clipe e um pedaço de fio. Por mais
exagerada que pareça essa descrição das habilidades do rapaz, era bem por aí.
Mas não foram só as histórias do
personagem que encantaram o público. A música de abertura da série aqui no
Brasil despertou a curiosidade de muitos telespectarores, e foi exatamente
dessa forma que descobriram o Rush, um dos maiores nomes mundiais do Rock
Progressivo. É o caso do guitarrista Marcelo Barbosa, exímio instrumentista de
Brasília (DF) que traz no currículo nomes de bandas como Khallice, Almah e
Angra. Nesta última, foi convidado para ocupar o lugar de Kiko Loureiro, que hoje
está no Megadeth (a banda de Dave Mustaine, um dos primeiros integrantes do Metallica).
Marcelo se tornou um grande fã do
Rush. Mais que isso, tem respeito e idolatria pelo trio canadense. “Eles são
incríveis. É uma banda tão autêntica e musicalmente tão coesa que mesmo quem
não é fã respeita”, comenta. Como não poderia deixar de ser, o grupo está entre
suas principais influências musicais. E é até bem provável que os caras do Rush
se sentiriam lisonjeados ao saber disso, por conta do grande talento de
Marcelo. Talvez Geddy Lee, o baixista e vocalista, um pouco menos.
Quando conheceu o Rush, Marcelo
fez uma pequena confusão. “Eu ouvia aquela música do MacGyver e achava que era
uma mulher cantando”, lembra ele, até meio constrangido. E continua: “Achava o
máximo, pois o som era sensacional e ainda com uma ‘mina’ cantando. Até que um
amigo que já conhecia a banda há mais tempo me corrigiu, e contou que aquela
voz era na verdade do baixista”. O Marcelo merece um desconto, pois o Geddy Lee
(que também é tecladista) tem mesmo uma voz mais aguda. E, convenhamos, quem
nunca cometeu um engano assim?
O mais importante é como o
guitarrista aproveitou essa influência. “Acho fundamental, como músico, colocar
minha personalidade no que faço, ter autenticidade”, diz ele. “É isso que torna
sua música uma assinatura, quem ouve sabe que é você.” O Rush é sem dúvida uma
ótima referência nesse quesito, pois bastam poucos acordes para reconhecer suas
músicas. Em alguns casos, poucas notas. Tom
Sawyer é um bom exemplo.
Esse grande sucesso do Rush é a música que abre o
álbum Moving Pictures, oitavo disco
de estúdio da banda, lançado no início de 1981, e provavelmente o mais vendido.
Qualquer uma das sete faixas dessa obra-prima pode ser considerada um grande
sucesso, a exemplo de YYZ e Limelight. Vai aí uma gravação de Geddy
Lee, Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart (bateria), veja se não dá para
identificar logo nos primeiros segundos.