Entre as muitas coisas boas que
vêm da música está o milagre da multiplicação das amizades. Tudo bem, milagre
pode ser um exagero, mas que a sintonia na preferência musical é um estímulo e
tanto para aproximar novos e velhos amigos, disso não há dúvidas. No entanto, é
bom lembrar: para tudo nessa vida há limites. Que o diga o jornalista Eduardo Barão, pois vai por aí a história que ele nos contou sobre uma “bolacha” que nunca
teve.
O disco em questão é VS., o segundo gravado pelo Pearl Jam e
lançado em outubro de 1993. “É aquele com uma ovelha na capa”, detalha Barão.
Com 12 faixas, VS. tem um som pesado
na maior parte do tempo, chegando a ser sombrio em certos momentos. A energia
peculiar da banda está muito presente. Experimente colocar Go, a faixa de abertura, como som de seu despertador e vai entender
bem o que isso significa. Algumas das músicas mais tocadas na época são as
menos “paulada”, como Daugther, Dissident e Elderly woman behind the counter in a small town.
Voltando à relação entre música e
amizade, a admiração pelo Pearl Jam é compartilhada por Eduardo Barão com o
amigo de infância e também jornalista Luiz Megale. Talvez a medida da predileção
seja um pouco diferente. “O Megale queria ser o primeiro cara no Brasil a comprar
o VS.”, explica Barão. Se havia um
ponto estratégico para fechar o cerco em torno da primeira cópia de VS., em São Paulo (ambos moram na
capital paulista), esse lugar era Galeria do Rock, no centro velho da cidade.
Pois bem, a aventura começou bem
cedo no dia em que o disco chegaria ao País. “Praticamente abrimos a Galeria.
Mas logo soubemos que o disco só estaria lá um pouco mais tarde”, recorda Barão.
Durante toda a manhã, os dois não arredaram pé do local, buscando loja por
loja. Após o almoço, ali pelo centrão mesmo, retornaram para o segundo turno da
jornada.
A rotina não foi diferente:
peregrinação pelas lojas sem que o VS.
aparecesse. Diga-se de passagem, o nome da bolacha era bem sugestivo para a
situação. “O dia terminou e ainda estávamos lá, sem o disco”, conta Barão, que
acabou por deixar o campo de batalha. “Eu já tinha feito a minha parte de
amigo.” É, tudo tem limite, até montar guarda a espera de um lançamento do Pearl
Jam.
Mas, Barão, e o Megale? “Continuou
lá por mais um tempo, sem sucesso. No dia seguinte, voltou à Galeria e
conseguiu o CD”, responde. E acrescenta: “Até hoje ele acredita ter sido um dos
primeiros brasileiros a adquirir o VS.”.
Depois dessa experiência, nem mesmo a admiração pela banda e pelo próprio disco
fez com que o Barão tivesse sua própria cópia. “O VS. é muito bom, já ouvi umas quinhentas vezes. Mas nunca comprei.”
A amizade de Barão e Megale ficou
bastante conhecida pelos ouvintes da Rádio Band News FM, pois os dois trabalharam
juntos apresentando a programação matutina da emissora. Barão continua nas
ondas radiofônicas (entre outras missões no Grupo Bandeirantes) e Megale está
na bancada do Café com Jornal, nas manhãs televisivas da Band.
Aqui vai uma pitada do VS., com o Pearl Jam tocando Dissident ao vivo.