Imagine alguém que ama Blues e Rock’n’Roll. Sim, eu mesmo.
Agora imagine a minha expressão ao receber um presente musical com o seguinte
bilhetinho: “Não é Rock, mas espero que goste”. É muita audácia! Na verdade,
seria, caso esse mimo não viesse de uma amizade de longa data. Vale citar a
segunda parte do bilhete: “É a moderna música na África do Sul”. Pois bem,
minha amiga Mônica viajou àquele país a trabalho, para ampliar seus
conhecimentos sobre pecuária de corte – ela é uma zootecnista de mão cheia –, e
me trouxe de presente o CD “Su Casa Mi Casa”.
Mônica tinha razão. Não era Rock. Mas também estava certa em
outro ponto: a escolha iria me agradar. O disco gravado pela Soul Candi Records
e lançado em 2013 é o segundo do trio sul-africano chamado Mi Casa.
Basicamente, o som dos caras é algo como “house”, muito dançante. Mas nem pense
em nada parecido com um mero e repetitivo putz
putz. O trabalho é “de responsa” (adoro esse expressão!). Marcado por
batidas suaves e envolventes, o disco todo é muito harmonioso, com nuances de
jazz, boas pitadas de ritmos africanos e até certa latinidade.
Gostei tanto da “bolacha” que já a ouvi zilhões de vezes.
Claro, quis saber um pouco mais sobre os músicos, e entendi melhor a razão do
trabalho tão bem feito. Mo-T é o trompetista. Começou a tocar o instrumento por
influência de seu pai, um dos fundadores do grupo Mango Groove. No encarte do
Mi Casa Su Casa ele destaca essa influência e até comenta a similaridade. J’
Something é a voz e a guitarra do trio. Embora tenha crescido na África do Sul,
João (é seu nome de verdade) nasceu em Portugal. Isso explica algumas letras em
nosso idioma. O terceiro Mi Casa é Dr. Duda, DJ, tecladista e experiente
produtor, ou seja, é o arquiteto da parada toda.