sábado, 14 de novembro de 2015

O som que sempre toca quando eu mais preciso

Um dos discos mais tocados na minha vitrola é o 5150, do Van Halen. E por vários motivos. A banda em si é o primeiro deles. Os caras sempre fizeram Hard Rock de uma maneira diferente, com uma sonoridade única e, acima de tudo, como se estivessem se divertindo o tempo todo (e acredito mesmo que eles se divertiram horrores). O segundo motivo é porque pago um pau ao ver uma guitarra bem tratada. Imagino que quando Eddie Van Halen chega em casa as guitarras dele correm para recebê-lo, saltitando e abanando o rabinho.

Até aqui, nenhuma novidade para qualquer grande fã da banda. Mas há um terceiro motivo que me faz gostar ainda mais desse CD. Toda vez que estou com algum problema, me sentindo mal, entristecido ou aborrecido, vai tocar uma faixa do 5150. Esteja onde eu estiver! Imediatamente, minha feição muda, fico mais calmo e deixo de pensar meramente no que estava me incomodando para começar a visualizar soluções.

Isso é tão verdade que minha irmã caçula, também fã da banda, sempre que ouve ocasionalmente alguma das músicas do disco faz questão de me colocar ao telefone para compartilhar. É algo mágico. Se eu tentar forçar a situação, botar na vitrola só porque não estou muito bem, não é a mesma coisa. Vou adorar ouvir, mas o impacto será outro. Parece coisa de filme, ou de outro mundo. Talvez sejam apenas os Deuses do Rock’n’Roll, talvez sejam alienígenas.

Tenho também uma história engraçada sobre o meu exemplar de 5150. Bom, hoje é engraçado, mas quando aconteceu eu fiquei foi muito irritado. Em 1997, comprei uma caranga bacana e assim que o som foi instalado eu já estava com a “bolacha” do Van Halen na mão para estreiar.  Dias depois, me esqueci que o disco ainda estava dentro do aparelho e enfiei também ali um CD do Barão Vermelho. Imagine a minha cara ao perceber o que acabara de fazer. Para o bem de todos, ainda consigo ouvir bem os dois discos.

Como hoje é um dia muito especial para mim, resolvi escrever sobre este CD, que é tão peculiar e me faz tão bem. Escolhi um vídeo de Love walks in para compartilhar, pois tem tudo a ver com essa história. Quem trata bem a guitarra nessa apresentação é o vocalista, o Sammy Hagar. 




segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Um gaitista “assalariado”

Dia desses me deparei com um grupo de garotos em um supermercado. Eram adolescentes comuns, que chamavam a atenção pelo volume da mistura de falatório e gargalhadas. Um deles se diferenciava pelo fato de carregar uma gaita e, de vez em quando, soltar alguns acordes de Blues pelos corredores da loja. Aquilo só me fez admirar ainda mais esse emblemático instrumento.

Se você tiver apenas uma gaita nas mãos – e, claro, souber tocá-la –, pode fazer Blues onde quiser. Alex Dupas é um bom exemplo disso. Esse gaitista paulistano já dividiu palcos importantes com grandes estrelas, mas também pode ser visto num domingo qualquer fazendo um som no Parque Trianon. Sou testemunha ocular e auditiva. Já o vi tocando tanto no Bourbon Street Music Club, uma das principais casas do estilo na cidade de São Paulo, quanto no próprio Trianon, uma experiência até bem curiosa.

Estava num rolê dominical com a Silvia, minha esposa, pela Av. Paulista e fomos atraídos para dentro do parque pelas notas marcantes que vinham de uma gaita. “Olha só quem está ali”, comentei. Era o Dupas, assessorado por sua esposa (também Silvia). Durante todo o tempo que ficamos por lá, vimos pessoas de várias idades tirando onda com a “sonzêra”. Destaque para um garotinho que devia ter no máximo dois aninhos e se esbaldou de dançar, não queria ir embora. Assim que é bom, começando logo cedo.

“Assalariado” é o CD do Dupas que toca na minha vitrola. Garanti meu exemplar autografado no show de lançamento, que fui assistir a convite do meu primo Anderson Guedes. O que meu primo tem a ver com tudo isso? Além de compartilharmos o gosto pelo Blues, ele é o responsável pelas fotos e pela arte da capa e do encarte do CD.

Sobre a sonoridade da gaita do Dupas, é um passeio pela história do Blues. O cara faz a gente se lembrar dos velhos tempos do Mississipi, passa pelo eletrizante estilo de Chicago e arremata com a espiritualidade brazuca. A faixa título mostra de forma divertida como tudo isso se mistura . Além da habilidade musical, Dupas traz outro sucesso na manga: caipirinha de banana. Já tive oportunidade de experimentar o drinque preparado por ele, e a nota é 10!

Segue aí o clipe de “Assalariado”.



domingo, 1 de novembro de 2015

Mi Casa Su Casa

Imagine alguém que ama Blues e Rock’n’Roll. Sim, eu mesmo. Agora imagine a minha expressão ao receber um presente musical com o seguinte bilhetinho: “Não é Rock, mas espero que goste”. É muita audácia! Na verdade, seria, caso esse mimo não viesse de uma amizade de longa data. Vale citar a segunda parte do bilhete: “É a moderna música na África do Sul”. Pois bem, minha amiga Mônica viajou àquele país a trabalho, para ampliar seus conhecimentos sobre pecuária de corte – ela é uma zootecnista de mão cheia –, e me trouxe de presente o CD “Su Casa Mi Casa”.

Mônica tinha razão. Não era Rock. Mas também estava certa em outro ponto: a escolha iria me agradar. O disco gravado pela Soul Candi Records e lançado em 2013 é o segundo do trio sul-africano chamado Mi Casa. Basicamente, o som dos caras é algo como “house”, muito dançante. Mas nem pense em nada parecido com um mero e repetitivo putz putz. O trabalho é “de responsa” (adoro esse expressão!). Marcado por batidas suaves e envolventes, o disco todo é muito harmonioso, com nuances de jazz, boas pitadas de ritmos africanos e até certa latinidade.

Gostei tanto da “bolacha” que já a ouvi zilhões de vezes. Claro, quis saber um pouco mais sobre os músicos, e entendi melhor a razão do trabalho tão bem feito. Mo-T é o trompetista. Começou a tocar o instrumento por influência de seu pai, um dos fundadores do grupo Mango Groove. No encarte do Mi Casa Su Casa ele destaca essa influência e até comenta a similaridade. J’ Something é a voz e a guitarra do trio. Embora tenha crescido na África do Sul, João (é seu nome de verdade) nasceu em Portugal. Isso explica algumas letras em nosso idioma. O terceiro Mi Casa é Dr. Duda, DJ, tecladista e experiente produtor, ou seja, é o arquiteto da parada toda.

Uma das histórias que levantei conta que os caras se encontraram em uma balada e se apresentaram ali mesmo. A gig estava feita. As mensagens das 16 faixas vão bem por aí, falam de aproveitar o momento, curtir a vida, romances, enfim, diversão. O título da faixa 9, “Bora viver”, diz tudo. Se minha amiga Mônica chegou ao presente apenas pela sonoridade, o restante foi uma feliz coincidência, pois costumamos falar muito sobre como curtir cada momento faz a vida valer a pena. Na verdade, o título do disco já seria justificativa suficiente para a escolha. Esse clipe de “Your Body” é uma pequena e divertida mostra do que o trio faz.