sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Já são três anos sem Gary Moore

Quando comprei meu primeiro CD do Gary Moore, o After Hours, ainda não tinha uma noção tão clara do que representaria aquele momento. Sabia que era um guitarrista de respeito, que fazia um Blues mais veloz, bem próximo do Hard Rock, mas não conhecia muito mais do que as lendárias Still Got The Blues e Parisienne Walkways. Depois de ouvir o disco inteiro, meu conceito do que é um guitarrista mudou e minha lista dos prediletos acabara de ser alterada. Há músicos de Rock’n’Roll que mandam muito bem tocando Blues, e vice-versa. Mas sempre deixam claro qual é seu habitat. O Gary Moore é diferente, é universal.

No dia 6 de fevereiro de 2011, quando soube de sua morte, descobri que minha admiração por seu talento e seu carisma eram bem maiores do que imaginava, tamanha tristeza pela notícia. Várias foram as situações em que ao me sentir meio desanimado, começar o dia meio sem graça, botava o After Houras na vitrola e parecia receber uma descarga elétrica, daquelas que fazem a gente sair rodopiando com o cabelo em pé. Only Fool in Town é um exemplo claro de tudo isso. O peso da faixa vem de uma mistura maravilhosa da guitarra distorcida com uma metaleira que enche a música. E ainda tem a cozinha que não para de martelar um instante. 

Outras faixas trazem essa mesma receita, como Key of Love e Cold Day in Hell, que abre o disco. Alguém poderia perguntar: “mas se é a mesma receita, não fica repetitivo?”. Aí está um dos diferenciais do Gary Moore. Mais do que técnica, agilidade e precisão, sua maneira de tocar tem um lado emocional impressionante. Basta ouvir para perceber. Se puder ver, então, fica hipnotizado. E tem outro fator que é o ponto mais alto de sua performance: a intimidade com a guitarra. Gary Moore tem um bend poderoso demais. Cada nota que “estica” parece fazer a guitarra uivar de prazer.

Em After Hours também há bons exemplos de como o Blues pode ser dançante. É o caso de Don’t You Lie to Me e Since I Met You Baby, faixa que tem a participação de ninguém menos que B.B. King. Aliás, toda vez que os dois subiram juntos em um palco muita gente ficou de queixo caído. Como não poderia deixar de ser, um bom álbum de Blues deve ter sua parcela melancólica, que fica por conta de Separate Ways, Jumpin’ at Shadows e Nothing’s the Same.

Esse guitarrista é muito mais que tudo isso. Ele tinha um comprometimento intenso e impecável com sua música, com seu instrumento. E com seus companheiros de estrada. Ao conhecer melhor sua carreira, descobri quão importante foi sua parceria com Phill Lynott dentro do Thin Lizzy, banda irlandesa que marcou a história do Rock’n’Roll e influenciou muita gente. Não por acaso, também passei a curtir muito o Thin Lizzy.

Gary Moore morreu aos 58 anos de idade, de parada cardíaca, enquanto passava férias na Espanha. Mas, sem dúvida alguma, deixou uma obra que é eterna. Vou deixar aqui um pedacinho dela.