sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

World Wide Live é um resumo da minha paixão pelo Rock’n’Roll

O Scorpions é uma das minhas bandas prediletas, sem dúvida está entre as Top Five da minha vitrola. E por vários motivos. Primeiro, pelo som, sem dúvida. Independentemente da formação, esses caras sempre mantiveram uma sinergia fenomenal. Depois, porque descobri o quinteto exatamente quando estava conhecendo o bom e velho Rock’n’Roll, ali por meados dos anos 1980. Para quem gosta de guitarra como eu, a dupla Rudolph Schenker e Matthias Jabs é uma eterna referência. Mas há ainda outro motivo muito especial: o som desses caras está sempre associado a bons acontecimentos.

Aproveitando que hoje, o último dia de janeiro, está cheio de boas notícias, decidi falar sobre a “bolacha” World Wide Live, uma coletânea ao vivo gravada durante a Love at First Sting Tour e lançada pela Polygram em 1985. Foi naquele ano que aconteceu a primeira edição do Rock in Rio. Os caras não são bobos, aproveitaram o sucesso que fazia (e ainda faz) por aqui a faixa Still Loving You e colocaram a brasileirada toda cantando no disco. É espetacular! Aliás, o Scorpions é uma das bandas que melhor sabe fazer esse tipo de balada. 

Agora vem a minha melhor lembrança desse álbum. Quando o lançamento do World Wide Live foi anunciado, sabia que a existência da minha vitrola não seria a mesma sem a companhia daquela obra-prima. E olha que eu já contava com uns três vinis da banda, inclusive o Love at First Sting, que apresentou ao mundo alguns dos principais hits deles, como Still Loving You, Rock You Like a Hurricane, Bad Boys Running Wild, Big City Nigths e Coming Home. Foram dez meses até conseguir o play, mas valeu cada dia de espera. Meu pai me deu de presente de aniversário aquele histórico disco de capa dupla, com várias fotos de toda a turnê. Me emociono só de lembrar!

O conhecimento do velho “Jorjão” Venâncio sobre Rock’n’Roll ia no máximo até Alice Cooper (até me surpreendi quando ele me falou sobre a “Tia Alice”). Por mais que eu falasse em casa sobre o disco, deve ter sido uma cena impagável ele entrando em uma loja a procura de um álbum dos Scorpions. Imagina um caboclo do interior paulista, admirador de moda de viola e música caipira, passeando pela seção dos headbangers... E a satisfação dele ao ver minha felicidade rasgando o papel de presente? Naquele dia ele entendeu exatamente a razão pela qual apenas agradeci quando, ao voltar de uma viagem (ele era caminhoneiro), me trouxe de presente uma fita cassete do New Kids on the Block (objeto que não será tema do Vitrola Secrets, pois já deixou de existir).

Aquele período da minha vida foi marcante na relação com meu pai, pois embora houvesse a natural necessidade (minha, claro!) de ser rebelde (com ou sem causa), parecer diferente e querer chamar a atenção sem falar a respeito, foi uma época em que aprendemos muito um sobre o outro. E ele se dava bem demais com todos meus amigos do circuito Rock’n’Roll (ou quaisquer outros amigos), fossem cabeludos ou não, tivessem banda ou não. Quem chegava ao “barraco”, como ele dizia, era sempre muito bem recebido. Figuraça de grande carisma.


E por falar em carisma, deixo aqui um vídeo com a faixa Dynamite, que fecha o álbum e mostra um pouco da energia dos caras no palco. Apenas uma dica: evite se concentrar no figurino, característico daquela época, mantenha a atenção na vibração do som.