O Scorpions é uma das minhas
bandas prediletas, sem dúvida está entre as Top
Five da minha vitrola. E por vários motivos. Primeiro, pelo som, sem dúvida.
Independentemente da formação, esses caras sempre mantiveram uma sinergia
fenomenal. Depois, porque descobri o quinteto exatamente quando estava
conhecendo o bom e velho Rock’n’Roll, ali por meados dos anos 1980. Para quem
gosta de guitarra como eu, a dupla Rudolph Schenker e Matthias Jabs é uma
eterna referência. Mas há ainda outro motivo muito especial: o som desses caras
está sempre associado a bons acontecimentos.
Aproveitando que hoje, o último
dia de janeiro, está cheio de boas notícias, decidi falar sobre a “bolacha” World Wide Live, uma coletânea ao vivo
gravada durante a Love at First Sting
Tour e lançada pela Polygram em 1985. Foi naquele ano que aconteceu a
primeira edição do Rock in Rio. Os caras não são bobos, aproveitaram o sucesso
que fazia (e ainda faz) por aqui a faixa Still
Loving You e colocaram a brasileirada toda cantando no disco. É
espetacular! Aliás, o Scorpions é uma das bandas que melhor sabe fazer esse
tipo de balada.
Agora vem a minha melhor
lembrança desse álbum. Quando o lançamento do World Wide Live foi anunciado, sabia que a existência da minha
vitrola não seria a mesma sem a companhia daquela obra-prima. E olha que eu já
contava com uns três vinis da banda, inclusive o Love at First Sting, que apresentou ao mundo alguns dos principais
hits deles, como Still Loving You, Rock You Like a Hurricane, Bad Boys Running Wild, Big City Nigths e Coming Home. Foram dez meses até conseguir o play, mas valeu cada
dia de espera. Meu pai me deu de presente de aniversário aquele histórico disco
de capa dupla, com várias fotos de toda a turnê. Me emociono só de lembrar!
O conhecimento do velho “Jorjão”
Venâncio sobre Rock’n’Roll ia no máximo até Alice Cooper (até me surpreendi
quando ele me falou sobre a “Tia Alice”). Por mais que eu falasse em casa sobre
o disco, deve ter sido uma cena impagável ele entrando em uma loja a procura de
um álbum dos Scorpions. Imagina um caboclo do interior paulista, admirador de
moda de viola e música caipira, passeando pela seção dos headbangers... E a satisfação dele ao ver minha felicidade rasgando
o papel de presente? Naquele dia ele entendeu exatamente a razão pela qual
apenas agradeci quando, ao voltar de uma viagem (ele era caminhoneiro), me
trouxe de presente uma fita cassete do New Kids on the Block (objeto que não
será tema do Vitrola Secrets, pois já deixou de existir).
Aquele período da minha vida foi
marcante na relação com meu pai, pois embora houvesse a natural necessidade (minha,
claro!) de ser rebelde (com ou sem causa), parecer diferente e querer chamar a
atenção sem falar a respeito, foi uma época em que aprendemos muito um sobre o
outro. E ele se dava bem demais com todos meus amigos do circuito Rock’n’Roll
(ou quaisquer outros amigos), fossem cabeludos ou não, tivessem banda ou não. Quem
chegava ao “barraco”, como ele dizia, era sempre muito bem recebido. Figuraça
de grande carisma.
E por falar em carisma, deixo
aqui um vídeo com a faixa Dynamite,
que fecha o álbum e mostra um pouco da energia dos caras no palco. Apenas uma dica: evite se
concentrar no figurino, característico daquela época, mantenha a atenção na
vibração do som.