Prestes a encarar o primeiro dia
na nova escola, a garota de 11 anos está ansiosa e acorda bem mais cedo do que deveria.
Preocupada com as horas ela corre para ligar a televisão e sintonizar no canal
em que costumava assistir aos videoclipes, pois lá sempre aparece um reloginho.
Assim que a imagem e, principalmente, o som aparecem, horas e minutos já não mais
interessam. A curiosidade agora é para saber que música é aquela e quem são
aqueles caras. A informação não vem e ela fica com medo de nunca mais ouvir ou
ver a banda que tanto a surpreendeu. Mas identifica uma palavra recorrente nas
imagens: Guns.
Se o parágrafo aí em cima parece fugir
um pouco ao estilo do Vitrola, foi proposital. Foi só para passar a emoção da
história que nos contou Isa Nielsen, a garota em questão, que entrava na
adolescência já sendo fã do bom e velho Rock’n’Roll e de suas variáveis, como o
Hard Rock e o Heavy Metal. E a música que a deixou tão entusiasmada naquela
manhã era Paradise City, do Guns N’Roses. Toda essa influência explica um pouco o fato de Isa ter se tornado uma primorosa
guitarrista.
Desta vez, foi a música que
trouxe a “bolacha”. Paradise City é a
sexta das 12 faixas de Appetite for
Destruction, o cartão de visitas do Guns N’ Roses. Lançado em 1987, o disco
deu uma chacoalhada no cenário do Hard Rock, que andava mesmo precisando de
novidades. A dupla na linha de frente da banda inspirou uma legião de cabeludos
mundo afora: Axl Rose, com sua voz rasgada e uma euforia contagiante, e Slash,
com sua cartola e riffs de guitarra revigorantes. Prova disso é que Sweet Child O’Mine, o principal sucesso
daquele disco, era quase obrigatória no set list das bandas cover de Rock.
Por falar em bandas, Isa está há
quatro anos entre as Musas do Metal, que acompanham o Detonator, personagem
criado por Bruno Sutter (ex-Hermes & Renato) como uma caricatura dos
vocalistas de Heavy Metal e que acabou ganhando vida própria. Mais
recentemente, ela entrou para a Metal Mania, a banda do Robertinho de Recife (já
entrevistado pelo Vitrola). Além de excepcional guitarrista, Robertinho é um
músico exigente, que não abre mão da qualidade. Isa não está lá por acaso.
O interesse pela guitarra veio lá
pelos 13 anos e em seguida, a primeira banda – só de garotas. “Mas eu não
tocava bem e a outra guitarrista, que era um pouco melhor, até chamou um amigo
para ensinar a gente. Acabei gostando muito dessa coisa de estudar”, conta Isa,
que levou a sério essa parada e passou a ter aula com grandes músicos. A partir
dali sua carreira profissional já estava definida. Mas para tocar como os
guitarristas que a influenciaram, era preciso ralar muito. “A dedicação
exclusiva à música não é fácil. Em alguns momentos você até sacrifica outras
coisas.” Agora, pergunte a ela se há um pingo de arrependimento pela escolha...
Não resistimos à tentação de
colocar Isa em uma “saia justa” e perguntamos quem são seus três guitarristas preferidos.
“Pô, que difícil, hein?”, reagiu. Pô, Isa, é aí que está a graça da
brincadeira. Mas ela acabou se saindo bem. Após falarmos sobre diversos nomes
de peso no quesito “véio, esse toca demais”, ela destacou Yngwie Malmsteen e
Jason Becker. “Ambos foram um grande incentivo para mim, pois são muito
virtuosos. Tentar tocar suas músicas parecia tão difícil quanto desafiador”,
comenta. As referências lhe fizeram muito bem.
Vai aí o clipe de Paradise City, para lembrar o som que marcou o Hard Rock nos anos
1990. Quem quiser, pode chacoalhar a cabeleira!
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