Entre as coisas que mais gosto
nesta vida está a companhia de bons amigos. Se for para celebrar, melhor ainda.
Pois foi exatamente na comemoração do aniversário de uma grande amiga, a
jornalista Nádia Andrade, que conheci um boteco – no melhor sentido da palavra –
muito simpático e aconchegante no bairro de Pinheiros, na capital paulista. Em
meio a uma região de diversos bares e botecos, o Bar do Julinho tem um diferencial
muito bacana: o lugar respira boa música!
Não poderia ser de outra maneira.
O dono do recinto é Julinho Camargo, cantor e violonista com 40 anos de
experiência tocando na noite. Nascido em Tupaciguara, cidade que fica a pouco
mais de 60 quilômetros de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, Julinho veio muito
cedo para São Paulo. “Estou aqui desde sempre, me criei na cidade”, confirma o
músico, que começou a tocar por volta dos 17 anos, participando dos festivais
estudantis. Depois veio a fase mais profissional, tocando em bandas de baile e,
na sequência, as apresentações na noite.
Como muita gente que seguiu essa
trajetória, uma das influências mais importantes da Música Popular Brasileira é
Djavan, uma referência para dez entre dez músicos que fazem MPB com voz e
violão. E a “bolacha” do artista que mais marcou a carreira de Julinho foi Luz, gravado em Los Angeles, na
Califórnia (Estados Unidos), e lançado em 1982. Embora já tocasse coisas do
Djavan dos outros quatro discos, Luz fez
jus ao nome. Surpreendente e ousado, o disco trazia uma envolvente e inovadora mescla
de sons e estilos.
Além da música que dá nome ao
disco, várias outras das dez faixas viraram sucessos que brilham até hoje, como
Pétala, Açaí, Capim e Samurai. Esta última, inclusive, contou
com a participação de Stevie Wonder, um dos maiores nomes da música mundial. É
dele o solo de gaita que aparece na música. Segundo o próprio Djavan (em
entrevista ao baterista Charles Gavin, no programa O Som do Vinil, do Canal
Brasil), seu trabalho já havia sido apresentado a Wonder pelo produtor do disco,
Ronnie Foster, o que facilitou a aproximação. Mas, cá entre nós, é muita moral!
Esse amor e esse
respeito de Julinho pela (boa) música também estão na relação que mantém com os
artistas que se apresentam em seu bar, sejam veteranos ou em início de
carreira. “Quando a pessoa da casa é um músico com experiência de ter tocado na
noite, a relação é outra. Antes de qualquer coisa, é uma relação de músico para
músico. O lado comercial é importante, mas antes de qualquer coisa preservo a
amizade e o respeito entre as pessoas”, comenta. Não é por acaso que o bar vai
completar 18 anos.
Julinho
acrescenta que sua experiência também favorece a performance dos músicos, pois
estão seguros da retaguarda técnica. Ou seja, quando tocam em seu bar sabem que
só precisam se preocupar em tocar e cantar, o resto ele garante. “Me dá uma
satisfação muito grande ver o resultado positivo da apresentação de um amigo na
minha casa”, afirma. O Bar do Julinho também é palco de projetos que abrem espaço
para os artistas, sobretudo novos talentos, e dão luz à MPB.
Aí vai uma apresentação do Djavan cantando Samurai, mas sem o Stevie Wonder (uma
pena!).
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